Perímetros urbanos, parâmetros racistas
Conceição Evaristo no mapa da literatura Belo-Horizontina
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v22i3.327Palavras-chave:
Conceição Evaristo, Literatura Mineira, Literatura Brasileira, Espaço Literário, HeterotopiaResumo
Considerando-se o critério da diversidade, adotado por Jacyntho Lins Brandão ao selecionar os artigos constitutivos da obra Literatura Mineira: Trezentos anos, o objetivo inicial deste artigo é mapear, no escopo dessa seleção, uma geografia cultural da diferença, a qual garantiu a contemplação crítica e histórica de escritas periféricas, entre as quais a de Conceição Evaristo. Destacam-se diferentes leituras, efetuadas por alguns artigos, da pertença dessa autora à literatura mineira. Posteriormente, a análise da presença de Evaristo no volume Literatura Mineira: Trezentos anos será ensejo para que se retome o romance Becos da Memória (narrativa e paratexto imagético) e se evidenciem entraves sociais e estímulos culturais ao letramento literário de Maria-Nova, narradora-personagem, no espaço da favela. Espera-se demonstrar que, a despeito da ausência de referentes espaciais explícitos, esse letramento revela o incitamento sistêmico de negros à periferia, aludindo, a um só tempo, à apartação urbana e educacional dos favelados na cidade de Belo Horizonte e à segregação literária imposta aos discursos desses citadinos no âmbito da literatura mineira. O despertar de Maria-Nova para a literatura, malgrado a precariedade de condições para seu letramento, combinaria fatores propícios e adversos, fazendo da favela um espaço heterotópico, caracterizado por um processo de abertura-fechamento.
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