Sob o véu da ironia
os questionamentos silenciosos nas diferentes versões do conto "Relógio de Ouro"
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v24i3.468Palavras-chave:
Relógio de ouro, Machado de Assis, conto, Literatura de entretenimentoResumo
A separação entre uma literatura para as massas e a literatura erudita é um tópico recorrente ao longo de toda a história literária e encarna, com José Paulo Paes (1990), a nomenclatura entretenimento e proposta. Tal categoria pretende uma separação por critérios formais e conteudísticos das produções voltadas ao grande público daquelas que se inscrevem em uma tradição canonizada. As diferentes versões do conto “O Relógio de Ouro”, de Machado de Assis, funcionam, entretanto, como um convite para refletir acerca do caráter não excludente desses conceitos. Nas duas versões escritas da obra, o autor questiona as estruturas vigentes, ao mesmo passo que constrói, mesmo que de maneira silenciosa, uma estrutura alinhada aos interesses receptivos; ironizando desde a forma de seu discurso até o meio social no qual ele se inseria. Desse modo, apreende-se que as diferenças existentes entre a versão primeira, publicada no Jornal das Famílias, em 1873, e sua reescrita, apresentada no livro Histórias da Meia-noite, convergem em uma forma literária que une a transgressão e a adequação ao meio, a proposta e o entretenimento.
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