De "Ouvrons les portes” a "Em casa no Brasil”: olhares contemporâneos sobre a migração.
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v19i1.151Palavras-chave:
migração; narrativas de vida; análise do discurso; Brasil; França.Resumo
Apesar da migração crescente de pessoas para a Europa e para as Américas (neste trabalho, respectivamente, França e Brasil), pouco espaço tem sido dado para que esses sujeitos em situação de vulnerabilidade textualizem suas experiências de vida, visto que eles são, em geral, representados por “porta-vozes” (agentes governamentais, jornalistas, etc.) ou reduzidos a números. Na contramão dessa tendência, dois conjuntos de relatos de migrantes/refugiados chamam nossa atenção: o da exposição Ouvrons les portes (Paris-França, 2015) e o da experiência auditiva Em casa, no Brasil (ACNUR/Brasil, 2019). Nosso objetivo é o de examinar e comparar alguns desses relatos (cinco de cada conjunto), à luz da análise do discurso francesa (ADF), mobilizando categorias como narrativas de vida, temas, vocabulário e modo de enunciação. Os resultados apontam para temas comuns, como, por exemplo, a idealização do passado, mas também para diferenças marcantes como o “tom” mais otimista dos relatos do contexto brasileiro em relação aos do contexto francês. De qualquer forma, esses espaços alternativos são fundamentais para que possamos ouvir o que esses sujeitos, habitualmente “sans paroles”, têm a dizer de si mesmos, dos outros, do mundo, enfim, da própria situação de migração.
Referências
ARFUCH, L. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Trad. Paloma Vidal. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2010.
BERTAUX, D. Le récit de vie. Paris: Armand Colin, 2005.
BRÉANT, H. Démontrer le rôle positif des migrations internationales par les chiffres. Une analyse de la rhétorique institutionnelle du système des Nations unies. Mots, n. 100, p. 153-171, 2012.
CALABRESE, L. Migrant ou réfugié? L’enjeu des dénominations des personnes dans le discours médiatique. In: CALABRESE, L.; VERNIARD, M. (éds.). Penser les mots, dire la migration. Louvain-la-Neuve: Harmattan, 2018. p. 153-160.
CALABRESE, L.; VENIARD, M. Mots, discours et migration, une relation dialectique. In: CALABRESE, L.; VERNIARD, M. (éds.). Penser les mots, dire la migration. Louvain-la-Neuve: Harmattan, 2018 p. 9-28
CHARAUDEAU, P. Grammaire du sens et de l’expression. Paris: Hachette, 1992.
CLOCHARD, O. Les réfugiés dans le monde entre protection et illégalité. EchoGéo, v. 2, p. 1-8, sep./nov. 2007. Disponível em: http://echogeo.revues.org/1696. Acesso em: 20/02/2018.
DUCARD, D. Dar a palavra: da reportagem radiofônica à ficção documental. In: LARA, G. P.; LIMBERTI, R. P. (orgs.). Discurso e (des)igualdade social. São Paulo: Contexto, 2015. p. 109-128.
LARA, G. M. P. Da aforização à construção do éthos: Dilma Rousseff e a Copa do Mundo da FIFA 2014. Revista Latinoamericana de Estudos do Discurso, v. 14, n. 2, p. 39-55, dez. 2014. Disponível em: http://www.comunidadaled.org/. Acesso em: 11/09/2019.
LARA, G. M. P. Abrindo as portas: a voz dos imigrantes e refugiados. Cadernos de Linguagem e Sociedade, Brasília, v. 18, n. 1, p. 28-48, jun. 2017. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/les/issue/view/1665. Acesso em: 11/09/2019.
LARA, G. M. P. A(s) voz(es) dos vulneráveis: narrativas de vida de imigrantes e refugiados à luz da análise do discurso. In: BARONAS, R. L. et al. (orgs.). As ciências da linguagem e a(s) voz(es) e o(s) silenciamento(s) de vulneráveis: reflexão e praxis – Homenagem ao Prof. Luiz Antônio Marcuschi. Campinas, SP: Pontes, 2018. p. 145-166.
MACHADO, I. L. Histórias discursivas e estratégias de captação do leitor. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 10, p. 59-74, 2011.
MACHADO, I. L. Percursos de vida que se entremeiam a percursos teóricos. Projeto de Pesquisa CNPq, 2013.
MACHADO, I.L. Narrativa de vida: um espaço de liberação para vozes femininas? In: MACHADO, I.L. et al. (orgs.). Análise do discurso. Afinidades epistêmicas franco-brasileiras. Curitiba: CRV, 2016. p. 12-22.
MACHADO, I. L; LESSA, C. H. Reflexões sobre o gênero narrativa de vida do ponto de vista da análise do discurso. In: JESUS, S. N.; SILVA, S. M. R. da (orgs.). O discurso & outras materialidades. São Carlos: Pedro & João, 2013. v. 1, p. 102-122.
MAINGUENEAU, D. Genèses du discours. Liège/Bruxelles: Pierre Mardaga, 1984.
MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. Campinas, SP: Pontes, 1993.
MAINGUENEAU, D. Termos-chave da análise do discurso. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2001.
MAINGUENEAU, D. Gênese dos discursos. Curitiba: Criar Edições, 2005.
MAINGUENEAU, D. Cenas da enunciação. Curitiba: Criar Edições, 2006.
MAINGUENEAU, D. A propósito do éthos. In: MOTTA, A. R.; SALGADO, L. (orgs.). Ethos discursivo. São Paulo: Contexto, 2008. p. 11-29.
MAINGUENEAU, D. Doze conceitos em análise do discurso. São Paulo: Parábola, 2010.
MAINGUENEAU, D. Les phrases sans texte. Paris: Armand Colin, 2012.
MARQUES, A. C. S.; TERRIER D. Imigração de mulheres haitianas em Belo Horizonte/Brasil: identidades femininas, relatos de si e autonomia. Panorama, Goiânia, v. 7, n. 2, p. 03-09, ago/dez. 2017.
NOVO, B. N. Direitos dos refugiados e a nova lei da migração. Portal Conteúdo Jurídico, 2018. Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/51464/direito-dos-refugiados-e-a-nova-lei-de-migracao. Acesso em: 07/09/2019.
ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios & procedimentos. Campinas, SP; Pontes, 1999.
PERET, L. E. N. De “O Rebu” a “América”: 31 anos de homossexualidade em telenovelas da Rede Globo (1974-2005). Revista Contemporânea, Rio de Janeiro, n. 5, p. 33-45. 2005.2. Disponível em:
http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_05/contemporanea_n05_04_eduardo.pdf . Acesso em: 21/09/2019.
TURPIN, B. A discriminação dos ciganos na imprensa francesa. In: LARA, G. P.; LIMBERTI, R. P. (orgs.). Representações discursivas do outro: discurso, (des)igualdade e exclusão. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 117-134.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Gláuks - Revista de Letras e Artes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.