O pensamento decolonial e a educação crítica: repensando o ensino de línguas na atualidade

Autores

  • Patricia Reis Universidade Federal de Minas Gerais
  • Miriam Jorge

DOI:

https://doi.org/10.47677/gluks.v20i1.173

Palavras-chave:

Ensino de línguas, pensamento decolonial, estudos críticos.

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir questões relacionadas ao ensino de línguas no Brasil, levando em consideração estudos sobre o pensamento decolonial e os estudos críticos, inspirados por Freire (1997, 2002), aqui considerado fundamental por sua abordagem humana e emancipatória. Inicialmente apresentamos três teóricos dos estudos decoloniais: Mignolo (2018), Quijano (2005) e Sousa Santos (2007). Discutimos como suas ideias nos fazem repensar o trabalho do professor de línguas, ressignificando suas práticas e propondo uma educação menos eurocêntrica, mais próxima das realidades locais. Enfatizamos a importância da desconstrução de mitos socialmente construídos sobre língua, com base em Makoni e Pennycook (2007) e, por fim, explicamos como Paulo Freire contribui para essa linha de pensamento, reforçando o discurso dos teóricos decoloniais. Concluímos o artigo, fazendo uma breve síntese do que foi discutido e propondo uma formação de professores que não se limite ao ensino das línguas em si, mas que se abra para uma discussão maior sobre o que é ser professor de línguas na atualidade.

Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018.
CANAGARAJAH, S. Reclaiming the Local in Language Policy and Practice. New York: Routledge, 2005.
EDMUNDO, E. G. S.; MULIKI, K. B. Agência docente e criticidade na formação inicial de professores de línguas. In: Anais do XIII EDUCERE. Curitiba 2017. p. 24703-24717.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1997.
HARA, M.; SHERBINE, K. Be[com]ing a teacher in neoliberal times: The possibilities of visioning for resistance in teacher education. Policy Futures in Education. Vol 16. p. 669-690. Sage, 2018. Disponível em: < https://journals.sagepub.com> Acesso em 27 de abril de 2020.
HOOKS, B. Teaching to Transgress: education as the practice of freedom. New York: Routledge, 1994.
KLEIMAN, A. B.; VIANNA, C. A. D.; DE GRANDE, P. B. A Linguística Aplicada na contemporaneidade. Calidoscópio. v. 17, n. 4, p.724-742, dezembro 2019.
KUMARAVADIVELU, B. Individual identity, cultural globalization and teaching English as an international language: the case for an epistemic break. In: ALSAGOFF, L.; RENANDYA, W.; HU, G., McKAY, S. (Eds). Teaching English as an International Language: Principles and Preactices. New York: Routledge, 2012, p. 9-27.
MAKONI, S., PENNYCOOK, A. (Eds.). Disinventing and Reconstituting Languages. USA: Multilingual Matters, 2007.
MENEZES DE SOUZA, L. M. T.; MONTE MÓR, W. Afterword – Still Critique? Revista Brasileira de Linguística Aplicada. v. 18, n. 2, p. 445-450, 2018.
MIGNOLO, W. The Decolonial Option. In: MIGNOLO, W.; WALSH, C. On Decoloniality: Concepts, Analytics, Praxis. Durham: Duke Uiversity Press, 2018. p. 105-152.
MONTE MÓR, W. Convergência e diversidade no ensino de línguas: expandindo visões sobre a "diferença". Polifonia, Cuiabá, MT, v. 21, n. 29, p. 234-253, jan-jul., 2014.
NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, A. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. p. 13-33.
PENNYCOOK, A. The Myth of English as an International Language. In: MAKONI, S., PENNYCOOK, A. (Eds.). Disinventing and Reconstituting Languages. USA: Multilingual Matters, 2007. P. 90-115
QUIJANO, A. Colonialidade do poder. Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, Conselho Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005, p. 117-142.
RAJAGOPALAN, K. The Language Issue in Brazil: When Local Knowledge Clashes With Expert Knowledge. In: CANAGARAJAH, S. Reclaiming the Local in Language Policy and Practice. New York: Routledge, 2005. p. 99-121.
SAVAGE, G. Neoliberalism, education and curriculum. In: GOBBY, B.; WALKER, R. (orgs.) Powers of Curriculum: Sociological Perspectives on Education. South Melbourne, Vic.: Oxford University Press Australia and New Zealand, 2017, p. 143-165.
SOUSA SANTOS, B. Para além do Pensamento Abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. Novos Estudos, 79. p. 71-94. São Paulo: CEBRAP, 2007.
ZEICHNER Advancing Social Justice and Democracy in Teacher Education: Teacher Preparation 1.0, 2.0, and 3.0. Kappa Delta Pi Record. p. 150-155. Oct-Dec 2016.

Downloads

Publicado

2020-11-26

Como Citar

Reis, P., & Jorge, M. (2020). O pensamento decolonial e a educação crítica: repensando o ensino de línguas na atualidade. Gláuks - Revista De Letras E Artes, 20(1), 49–63. https://doi.org/10.47677/gluks.v20i1.173