Narrativa da vida em fuga na autobiografia de um refugiado sírio
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v19i1.116Keywords:
refugiado, Síria, Autobiografia, Neo-orientalismoAbstract
A Guerra Civil na Síria desde 2011 e a crise humanitária de refugiados têm tido destaque no enredo de autobiografias de refugiados sírios no mercado editorial internacional. Este artigo busca analisar o discurso (neo)orientalista na autobiografia Eu venho de Alepo do refugiado sírio Joude Jassouma afim de apresentar possíveis entendimentos sobre os efeitos produzidos sobre o refugiado sírio e a relação Ocidente e Oriente. O estudo do discurso se ampara nas concepções foucaultianas de formação discursiva, enunciado, relações de poder, verdade e poder (FOUCAULT, 2008; 2012). As perguntas que nortearam a pesquisa foram: como o refugiado sírio é apresentado em Eu venho de Alepo? Quais os sentidos produzidos sobre a relação Ocidente e Oriente na referida obra?. Os resultados sugerem que Eu venho de Alepo se afilia à formação discursiva (neo)orientalista na medida em que constrói o Ocidente como o espaço da liberdade e da paz e o Oriente como o espaço da guerra e barbárie. Os efeitos de sentido produzidos são diversos, pois, assim como sistemas de pensamento tais quais o (neo)orientalismo reforçam a violência estrutural e marginaliza outros modos de vida, a questão do refúgio pode incentivar a solidariedade voluntária.
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