A representação do idoso em tempos de pandemia
Bolsonaro e o enfrentamento neoliberal da Covid-19 no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v21i01.229Palavras-chave:
Representação, Idoso, Discurso, Neoliberalismo, NecropolíticaResumo
Em plena crise política-ideológica, econômica e social acirrada desde o golpe parlamentar sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff, o Brasil se vê diante da gravíssima crise sanitária, causada pelo COVID-19, com inúmeras mortes humanas, esgotamento do serviço público de saúde, isolamento social, precarização das condições de trabalho, adoecimento mental, abandono de crianças e idosos em situação de vulnerabilidade. Neste quadro, um segmento ganhou a centralidade no discurso do presidente Jair Messias Bolsonaro, os idosos brasileiros. A inquietação a respeito do idoso e da velhice, em tempos de pandemia no Brasil, foi motivada pelas falas preconceituosas e excludentes em relação ao idoso por parte de Bolsonaro. Na representação por ele construída, em pleno enfrentamento da Covid-19, sob os auspícios da consolidação de um estado neoliberal, há a naturalização da necropolítica neoliberal, colocando o combate à pandemia a cargo dos próprios indivíduos, esperando destes estoica resiliência, verdadeiro ato patriótico, em que o cidadão tem o dever de proteger a economia com a própria vida. O idoso, aqui, é visto como uma parcela improdutiva social, que, por ser redundante, deve ficar marginalizada, torcendo para os atuares estoicos dos mais jovens, cuja morte se trata de simples preço pela liberdade oferecida aos indivíduos pelo governo neoliberal.
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