A intensa vida de Gad Beck
da interdição à fala libertadora
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v24i1.425Palavras-chave:
Testemunho, Homossexualidade, Nazismo, Interdição, Libertação.Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar a rememoração testemunhal mobilizada por Gad Beck, homossexual nascido em Berlim no ano de 1925, que sobreviveu à barbárie e a intolerância acionadas pelo regime nazista. Sua trajetória está discursivizada no documentário The Story of Gad Beck, adotado como corpus para este trabalho. O objetivo central de nosso gesto de leitura é lançar luzes para uma realidade ainda pouco conhecida, qual seja a condição dos homossexuais como vítimas do regime nacional-socialista e, por conseguinte, como vítimas da Segunda Guerra Mundial. Há um grande hiato entre a vivência e a rememoração das dores enfrentadas pelos homossexuais, em função de uma intolerância que insistiu em perdurar, mesmo após a vitória dos aliados, no ano de 1945. O resultado disso é a interdição e a denegação discursiva. Para desenvolver a análise, focamos em conceitos relacionados à teoria do testemunho (SELIGMANN-SILVA, 2022), alinhavados com discussões sobre as condições de produção para a rememoração testemunhal dos homossexuais, em pesquisas desenvolvidas por Tamagne (2000), Le Bitoux (2002) e Schlagdenhauffen (2017).
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The Story of Gad Beck, de Robin Cackett e Carsten Does. Berlim: Never Lose Faith Production, 2006, cor, 99 min.
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