Um mundo alegórico
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v24i3.480Palavras-chave:
alegoria, Encilhamento, política, Machado de AssisResumo
Este artigo pretende discutir o problema da alegoria no Esaú e Jacó (1904), de Machado de Assis. Partindo da afirmação geralmente aceita pela crítica de que essa é uma narrativa que se constrói por meio de alegorias, procura-se mostrar que, para além do uso da alegoria como um método de composição do romance, o texto também toma seu procedimento formal como objeto da representação. Procura-se, então, investigar qual seria o conteúdo da alegoria como objeto presente no romance, partindo do pressuposto que não se trata apenas de um exercício metalinguístico. A hipótese apresentada é a de que Machado diagnostica um episódio da vida econômica brasileira (o Encilhamento) e o desenvolvimento dos hábitos políticos nacionais (encarnados em Batista) como alegóricos. A alegoria se transforma em objeto, portanto, porque ela está inscrita no próprio conteúdo histórico representado no romance. Procura-se mostrar, também, como o conjunto do procedimento criado por Machado toma o método compositivo usado e o conteúdo histórico inscrito nesse mesmo método a partir de um distanciamento crítico inerente à prosa machadiana.
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