O romance como materialidade discursiva
DOI:
https://doi.org/10.47677/gluks.v22i01.278Palavras-chave:
Literatura, análise do discurso, narrativa de vida, ironiaResumo
O último romance da escritora argentina Camila Sosa Villada (2021) constitui o corpus do artigo. O romance descreve a travessia de uma personagem transclasse que é a própria narradora cuja voz, por vezes, se confunde com a voz da autora. Ela assume a condição de travesti e se une a um simpático grupo que realizou a mesma escolha que ela. Para ganhar a vida tornam-se prostitutas. Ao lado da narrativa de vida da personagem principal aparecem outras narrativas, a de suas amigas travestis. Como metodologia para analisar o romance utilizamos conceitos discursivos da semiolinguística, vindos de Charaudeau (2018, 2015, 1992, 1983) e Machado (2018, 2020). Também nos valemos de algumas ideias de Maingueneau (2010, 1990). Retomamos aqui a noção de transclasse de Machado (2020), ampliando-a. Observamos também o realismo mágico da América Latina e as ocorrências irônicas, bastante numerosas no romance. O objetivo que perseguimos foi o de mostrar que a análise do discurso pode e deve assumir também corpora literários em suas análises. Ambas, literatura e análise do discurso têm muito a oferecer uma para a outra.
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